terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Quem Namora.


Quem namora agrada a Deus.  
Namorar é a forma bonita de viver um amor.  
Não namora quem cobra nem quem desconfia.  
Namora, quem lê nos olhos e sente no coração 
as vontades saborosas do outro.  
Namora, quem se embeleza em estado de amor 
a pele é melhor, 
o olhar com brilho de manhã. 

Namora, quem suspira, quem não sabe esperar, mas espera,  
quem se sacode de taquicardia e timidez diante da paixão.  
Namora, quem ri por bobagem, quem entra em estado 
de música da Metro,  quem sente frios e calores 
nas horas menos recomendáveis.  
Não namora quem ofende, quem transforma 
a relação num inferno, ainda que por amor.  
Amor às vezes entorta, sabia? E quando acontece, 
o feito pra bom faz-se ruim.  

Não namora quem só fala em si e deseja o parceiro 
apenas para a glória do próprio eu.  

Não namora quem busca a compreensão para a sua parte ruim. 
O invejoso não namora. Tampouco o violento!  
Namorados que se prezam tem a sua música.
 E não temem se derreter quando ela toca. 
Ou, se o namoro acabou, nunca mais dela se esquecem.  

Namorados que se prezam gostam de beijo, suspiro, 
morderem o mesmo pastel, 
dividir a empada, beber no mesmo copo.  
Apreciam ternurinhas que matam de vergonha fora do namoro 
ou lhes parecem ridículas nos outros.  

Por falar em beijo, só namora quem beija de mil maneiras  
e sabe cada pedaço e gostinho da boca amada. 
 Beijo de roçar, beijo fundo, inteirão, os molhados, 
os de língua, beijo na testa, beijo livre como o pensamento, 
beijo na hora certa e no lugar desejado. 
Sem medo nem preconceito. 
Beijo na face, na nuca e aquele especial 
atrás da orelha no lugar que só ele ou ela conhece.  

Namora, quem começa a ver muito mais no mesmo 
que sempre viu e jamais reparou. 
Flores, árvores, a santidade, o perdão, 
Deus, tudo fica mais fácil para quem sabe de verdade o que é namorar.  
Por isso só namora quem se descobre dono de um lindo amor, 
tecido do melhor de si mesmo e do outro. 

Só namora quem não precisa explicar, 
quem já começa a  falar pelo fim, 
quem consegue manifestar com clareza e facilidade  
tudo o que fora do namoro é complicado.  
Namora, quem diz: "Precisamos muito conversar"; 
e quem é capaz de perder tempo, muito tempo, 
com a mais útil das inutilidades e pensar no ser amado, 
degustar cada momento vivido e recordar palavras, 
fotos e carícias com uma vontade doida de estourar o tempo 
e embebedar-se de flores astrais.  

Namora, quem fala da infância e da fazenda das férias,  
quem aguarda com aflição, o telefone tocar e dá um salto 
para atendê-lo antes mesmo do primeiro trim.  

Namora quem namora, quem à toa chora, quem rememora,  
quem comemora datas que o outro esqueceu. 
Namora quem é bom, quem gosta da vida, 
de nuvem, de rio gelado e de parque de diversões.  
Namora quem sonha, quem teima, 
quem vive morrendo de amor e quem morre vivendo de amar.
(Artur da Távola)

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